Criadores da raça Araguaia lançam marca Origem Premium, destinada a consumidores que buscam produto macio, mas com baixas calorias.
Richard Jakubaszko
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A raça sintética Araguaia – que leva esse nome por ter sido forjada no Vale do Araguaia, entre as divisas de Goiás e Mato Grosso – terá sua carne comercializada no disputado mercado gourmet, sob a marca Origem Premium. A iniciativa é dos selecionadores Raul Almeida e Alexander Easterman, do MT, que, junto com os publicitários Guilherme e Eduardo Ferrareze, de Araçatuba, MG, criaram uma empresa (também chamada Origem Premium) para viabilizar o projeto, apresentado dia 13 de março a jornalistas, durante jantar no restaurante Micaela, em SP. Os cortes de carne Araguaia serão comercializados com exclusividade pelo Empório Santa Luzia, na capital paulista, com QR Code na embalagem, para que os clientes possam obter informações sobre as condições de criação dos animais. Os abates estão a cargo do Frigorífico Cowpig, de Boituva, SP, inicialmene em escala pequena (286 animais em 2019), mas com meta para 4.000 cabeças no prazo máximo de cinco anos.
A raça Araguaia é predominantemente taurina (47% de sangue Blonde D’Aquitaine, 28% Caracu e 25% Nelore), fornecendo carne com pouca gordura, porém macia e suculenta, bem ao gosto de consumidores das classes A e B, que preferem produtos magros, com menos calorias, e também de restaurantes com tradição mais europeia, como é o caso do Micaela, comandado pelo chef Fábio Vieira. “Graças a sua composição genética, os animais Araguaia ficam prontos para abate bem jovens (16 meses), fornecendo carcaças pesadas (mínimo de 18@), com acabamento de 3 mm, sem marmoreio. Não é uma carne para churrascarias, que pedem muita gordura, mas para confecção de pratos sofisticados”, explica o veterinário Alexander Easterman, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Araguaia (ABCA), com sede em Araçatuba, SP.
Origem da Raça Araguaia
Ainda pouco conhecida no País, a raça Araguaia nasceu na Fazenda Santa Rita, que fica em Torixoréu, MT, e pertence ao criador Raul Almeida Moraes Neto. Ele começou a fazer os primeiros cruzamentos em 2002. O fruto desse trabalho é descrito por ele como “um gado de elevada produtividade, fácil manejo e fornecedor de carne excepcional”. Na Santa Rita, os machos Araguaia são castrados aos 10 meses, ganham peso rapidamente e apresentam rendimento de carcaça de 57%, ante 53% do gado comercial brasileiro, predominantemente zebuíno. A propriedade tem, atualmente, um rebanho Araguaia estimado em 1.200 cabeças e será a primeira fornecedora de animais para a marca Origem Premium, junto com duas outras fazendas do Mato Grosso. “O objetivo do projeto é começar pequeno, para ir incorporando novos criadores”, diz o presidente da ABCA.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento já validou o programa de formação da raça, mas seu reconhecimento como raça pura ainda está em curso. “Trata-se de um processo longo. Há muitas exigências, como ter mais de 10.000 cabeças em três Estados, significativo número de selecionadores e ainda questões como tempo de criação. Não podemos ainda divulgar a Araguaia como raça pura, mas já conseguimos o aval do Mapa para nosso trabalho”, informa Easterman. Segundo ele, o maior objetivo da ABCA, atualmente, é aumentar o número de criadores. “Claro que vender sêmen é importante, mas nosso objetivo principal é garantir regularidade e padrão à marca Origem Premium, que, inicialmente, não trabalhará com animais meio-sangue”, salienta. O controle genealógico da Araguaia está sendo feito pela ABCZ, desde 2012. “Trata-se da primeira raça de corte não 100% zebuína certificada pela entidade”, diz Easterman. O melhorista Gismar Silva Vieira, que começou os primeiros cruzamentos ainda em 1997, destaca que a Araguaia reúne as melhores características das três raças formadoras: a alta conversão alimentar e musculosidade, da francesa Blonde D’Aquitaine; a rusticidade, precocidade e habilidade materna, do Caracu e a adaptabilidade do Nelore às condições climáticas do Centro-Oeste”.
